Mário fechou a cara. Não podia acreditar que tudo ainda era igual ao tempo do seu pai. Só podia ser o nome mesmo. É, a culpa era do nome. Quem mandou a mãe botar o mesmo nome do pai, que por sinal era o mesmo nome do avô. Mário é um nome de velho. Consequentemente as vivências também são velhas. por mais novas que sejam, por mais que estejam sendo vividas naquele exato momento.
O Brasil continuava a mesma coisa do tempo do seu pai e do tempo do seu avô. A mesma politicagem hipócrita, as mesmas formas de se conseguir um voto a mais. As mesmas dentaduras, óculos, cestas básicas. As mesmas promessas furadas. E ele tinha que escolher alguém. Tinha que dar o seu voto pra um daqueles caras que só queriam era enriquecer com o dinheiro do povo.
O pai e o avô tinham lutado tanto por uma democracia, por um país mais justo, e o que ele via era tudo igual, a mesma coisa. E pior, não via nem uma forma de isso mudar. Não acreditava que o seu voto pudesse mudar alguma coisa. Até pensou em votar nulo, mas que diferença isso faria. o voto nulo só faria a diferença se a população inteira anulasse seu voto, do contrário estaria jogando a sua cidadania no lixo. não que não estivesse fazendo isso ao votar em qualquer um dos candidatos.
Procurou um que prestasse. Achou que poderia votar nele. Votou. Dois anos depois, o candidato estava envolvido em falcatruas. Fechou a cara. Não entendia porque tinha que escolher um político, se nenhum deles era a escolha certa. Talvez a escolha certa não viesse nunca.
Contos de Má 